Maria Helena Ventura
(Coimbra, Portugal, 1960) Hizo licenciaturas en diferentes áreas de las Ciencias Sociales en la Universidad de Lisboa y una maestría. Colaboró en la página literaria do jornal República. Tiene veintiún títulos publicados entre poesía, ficción y uno de literatura infantil.
(Coimbra, Portugal, 1960) terra de toda a família materna. Mantém ainda uma profunda ligação afectiva ao Porto, donde o pai era natural, e a Lisboa, para onde veio no final da adolescência, onde se licenciou e fez o Mestrado em Sociologia da Cultura. Vive há trinta e cinco anos no concelho de Cascais.
A sua vinculação à literatura começou muito cedo pela Poesia. Colaborou na imprensa regional, teve prémios juvenis, teve direito a metade de uma edição do programa radiofónico Tempo de Juventude Acontece Poesia e publicou na página literária do jornal República. Ao tempo era director dessa secção Urbano Tavares Rodrigues, que viria a prefaciar, em 2004, o seu quarto romance Não Te Deixe Morrer.
Foi repórter no vespertino A Capital, deu aulas nos ensinos privado, público e técnico-profissional, participou em cursos de formação em Cascais e no centro do país e fez investigação. Ainda a faz, para compor os seus romances históricos.
Colaborou em quatro antologias poéticas: duas da Orpheu-Minerva, uma editada por Ministério dos Livros, outra das edições Labirinto e uma última da Bristol Banner Books, coordenada por Grace A. Adele. Tem textos dispersos pelas revistas já extintas Mosaicos Revista, Entre Letras, Sol XXI, Publicação das Actividades da Livraria-Galeria Verney, e pelos jornais Poetas & Trovadores de Portugal e O Dia e Meio Norte do Brasil.
É membro da IWA – International Writers and Artists Association, Sociedade de Geografia de Lisboa e Associação Portuguesa de Escritores.
Tem vinte e um títulos publicados até ao momento: oito de poesia, doze de ficção (oito deles romances históircos) e um título de literatura infantil, além de trabalhos académicos nas áreas da Sociologia da Educação e da Cultura.
Poemas
VIAGEM
É bom encostar a cabeça
no teu peito
e dizer: cheguei.
Daqui à tua pele
é uma viagem de palavras
insubmissas
como ir até à lua
sem conhecer os perigos.
Não posso precisar
quanto tempo demoro
se saberei soletrar
o teu nome
quando o corpo me acolher.
Importa neste momento
sentir que existes
em cada pétala da aragem
que respiro
em cada grão de luz
que recolho nas horas
precárias
devagar.
A vida é memória breve
tão breve como a renúncia
ou a simples aceitação.
Sou bem capaz de ter partido
antes de lá chegar.
Viaje
Es bueno llevar la cabeza
en tu pecho
y decir: he llegado.
Este trayecto hasta tu piel
es un viaje de palabras
insurrectas
casi como ir hasta la luna
sin conocer los peligros.
No me es posible saber
cuánto tiempo tomaría
si supiera deletrear
tu nombre
cuando el cuerpo me recibe.
En este momento importa
sentir que existes
en cada pétalo de la brisa
que respiro
en cada grano de luz
que recojo en esas horas
precarias
divagar
La vida es memoria breve
tan breve como el olvido
o la simple resignación.
Hasta pudiera irme
Antes de llegar.
POR DENTRO
Andei tantos quilómetros
por dentro da tua voz
e ainda não sei quem és
como te chamas
ao que vens.
Desatei a memória
das palavras conhecidas
que longe me ensinaram
a voar
e em todas habitava
uma inquietação
o esboço de um perfil
envolto em bruma.
Serias tu
semântico arejar
de reflexões
mas ainda não sei
quem és
quem foste
ou ao que vens.
Continua a falar-me
da raiz da alma
até ao sol dos olhos.
Incendeia a minha boca
de estrelas
que de lábios acesos
como a lua
rei contigo
ainda por aí…
Prende o meu corpo ao teu
não haverá precipícios
se me puseres a mão
pela cintura
e no teu ombro
eu repousar este cansaço.
E vou
irei ainda
quantos quilómetros
quiseres
por dentro da tua voz.
Por dentro
Anduve tantos kilómetros
por dentro de tu voz
y aún no se quién eres
cómo te llamas
a qué vienes.
Escudriñé en la memoria
de las palabras conocidas
que antes me enseñaron
a volar
y en todas habitaba
una inquietud
el bosquejo de un perfil
envuelto en bruma.
Serías tu
semántico soplar
de reflexiones
pero ahora no se
quién eres
quién fuiste
o a qué vienes.
Continúa hablándome
desde la raíz del alma
hasta el sol de los ojos.
Incendia mi boca
de estrellas
que con labios ardientes
como la luna
reinará contigo
todavía por ahí…
Sujeta mi cuerpo al tuyo
no habrá precipicios
si me tomas con tu mano
por la cintura
y en tu hombro
yo reposaría este cansancio.
Y voy
Transitaría aún
cuantos kilómetros
quisieras
por dentro de tu voz.
QUEM ?
Quem poderá deter-nos
se um rio começa em nós
inquieto
e nos acaba
em ávidos fragmentos
sedentos de chegar?
Que portos
continentes
importa transpirar
se depois de chegarmos
à profusão de velas
corremos atrás
de outra aventura?
Quem poderá deter
o fragor destas ondas
em impulsos
de vãos renascimentos
para começar
de novo
a decantar?
E nunca as caravelas
manuscrevem
o destino final
em epitáfios
satisfeitos de glória
mas quem poderá deter
os febris quixotes
nas lanças do silêncio?
¿Quién?
¿Quién podrá detenernos
si un río comienza en nosotros
inquieto
y nos acaba
en ávidos fragmentos
sedientos de llegar?
¿Qué puertos
continentes
importa transpirar
si después que llegamos
a la profusión de velas
corremos tras
otra aventura?
¿Quién podrá detener
el fragor de estas ondas
en impulsos
de vanos renacimientos
para comenzar
de nuevo
a decantar?
Y nunca las carabelas
escribieron
el destino final
en epitafios
satisfechos de gloria
¿pero quién podrá detener
los febriles quijotes
en las lanzas del silencio?
Libro: Piedra de Sol (Ed. Apenas Libros, 2021)
Versiones al castellano de Carlos Andrés Almeyda